quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A Alma dos Diferentes

Diferente é quem foi dotado
de alguns mais e de alguns menos em hora,
momento e lugar errados para os outros.
Que riem de inveja de não serem assim.
E de medo de não agüentar,
caso um dia venham, a ser.

O diferente é um ser
sempre mais próximo da perfeição.
O diferente nunca é um chato.
Mas é sempre confundido
por pessoas menos sensíveis e desavisadas.
Supondo encontrar um chato
onde está um diferente,
talentos são rechaçados; vitórias, adiadas;
esperanças, mortas.

Um diferente medroso, este sim,
acaba transformando-se num chato.
Chato é um diferente que não vingou.

Os diferentes muito inteligentes
percebem porque os outros não os entendem.
Os diferentes raivosos acabam
tendo razão sozinhos, contra o mundo inteiro.
Diferente que se preza entende
o porque de quem o agride.

O diferente suporta e digere
a ira do irremediavelmente igual:
a inveja do comum; o ódio do mediano.
O verdadeiro diferente sabe que nunca
tem razão, mas que está sempre certo.

O que é percepção aguçada em:
"Puxa, fulano, como você é complicado".
O que é o embrião de um estilo próprio em :
"Você não está vendo como todo mundo faz? "

Diferente é o que vê mais longe
do que o consenso.
O que sente antes mesmo
dos demais começarem a perceber.

Diferente é o que se emociona enquanto
todos em torno agridem e gargalham.
É o que chora onde outros xingam;
estuda onde outros burram.
Quer onde outros cansam.
Espera de onde já não vem.

Sonha entre realistas,
Concretiza entre sonhadores.
Cria onde o hábito rotiniza.
Sofre onde os outros ganham.

Diferente é o que perde horas em coisas
que só ele sabe ser importantes.
Diz sempre na hora de calar.
Cala nas horas erradas.
Fala de amor no meio da guerra.
Deixa o adversário fazer o gol,
porque gosta mais de jogar do que de ganhar.

Ele aprendeu a superar o riso a esmo,
deboche, escárnio, e consciência dolorosa
de que a média é má porque é igual.

Os diferentes aí estão:
engordados demais, magros demais,
inteligentes em excesso, bons demais
para aquele cargo, excepcionais, narigudos,
barrigudos, de pé grande ou de roupas erradas.
Aí estão, doendo e doendo,
mas procurando ser, conseguindo ser,
sendo sempre muito mais.

A alma dos diferentes
é feita de uma luz além.
Sua estrela tem moradas deslumbrantes
que eles guardam para os pouco capazes de
os sentir e entender.

Nessas moradas
estão tesouros da ternura humana.
De que só os diferentes são capazes.
Não mexa com o amor de um diferente.
A menos que você seja suficientemente
forte para suportá-lo depois."

Autor Artur Da Távola

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